quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O Município de Nova Iguaçu

  Desenvolvimento Urbano no Município de Nova Iguaçu

Por: Amanda Ferreira, Geiziane Azevedo, Maiara Lobato, Maria Fernanda Abrantes, Renatha Martins e Wanessa Dias.


     Notamos hoje uma paisagem bastante urbanizada no centro da cidade de Nova Iguaçu e o objetivo deste trabalho é reunir informações do processo de urbanização nas demais regiões desse mesmo município. Para explicarmos essa transformação não só na paisagem, mas também, social, econômica e urbana, retornaremos ao passado histórico rico em acontecimentos para identificarmos os fatores causadores e determinantes para esses acontecimentos.

Nova Iguaçu localiza-se na Baixada Fluminense, sendo ela um dos principais núcleos dessa região juntamente com Duque de Caxias, oferecendo uma diversidade de ofertas de bens de serviços à população. No passado, outros municípios  faziam parte de Nova Iguaçu, o que para alguns autores como Manoel Ricardo Simões, autor do livro “Ambiente e sociedade na Baixada Fluminense”, era considerada a “Grande Iguaçu”, composta por Japeri, Queimados, Duque de Caxias, Belford Roxo, Mesquita, Nilópolis e São João de Meriti, como é ilustrado abaixo e, futuramente seria desmembrada com suas emancipações, que vamos ver no decorrer do presente texto.
Fonte: SIMOES, Livro, Ambiente e sociedade na Baixada Fluminense.

A cidade de Nova Iguaçu, tem sua centralidade originalo nas proximidades do porto na foz do Rio Iguassú, por conta de sua ligação com a Baía de Guanabara. No final do século XIX, o centro da cidade passa à localização atual, às margens da ferrovia Dom Pedro II, inaugurada em 1858. No século XX, as ferrovias tiveram grande importância no desenvolvimento e da ocupação de Nova Iguaçu, nesse mesmo momento, São João, Nilópolis, e Duque de Caxias, já estavam tipicamente urbanizadas, enquanto Nova Iguaçu ainda estava baseada na agricultura, o que impulsionou o processo de emancipação desses municípios, tal como afirma SIMÕES, (2011, p. 134).
 “Não é por acaso que a fragmentação territorial de Nova Iguaçu se inicia por esses distritos na década de 1940. Neste momento histórico não se fazia mais sentido que a administração dessas localidades ficasse subordinadas ao pequeno núcleo semi-rural de Nova Iguaçu, muito menos a uma elite política fundamentalmente agrária “. ¹
Para entender as razões do processo de urbanização se dar de modo mais intenso em outros distritos e em menor velocidade em Nova Iguaçu, é preciso analisar os elementos dos processos vividos por Nova Iguaçu na década de 1920 a 1940.

Do ciclo da Laranja e ao processo de ocupação.
Devido a uma epidemia de cólera de 1855 e, em busca de terras mais férteis próximo à ferrovia, transfere-se parte da população da Vila Iguaçu para Maxambomba, diante disso, inicia-se a um novo cenário: o do cultivo e exportação da laranja, iniciando o ciclo econômico voltado para a plantação e a exportação da laranja, a partir desse momento em homenagem à vila Igussú, em 1916, o nome e Maxambomba é substituído por “Nova” Iguaçu, segundo SIMÕES (2011, P.137) “ o adjetivo ‘Nova’, foi uma forma de indicar mudança sem, contudo, renegar completamente o seu passado”.
 Nova Iguaçu foi a responsável por 83% da produção de laranja do estado, para que isso ocorresse as condições de produção foram favoráveis para o sucesso da mesma, diante disse, SOARES (1962, apud, SIMÕES, 2011) afirma que,
“A existência de condições naturais propícias, como o clima quente e úmido, terrenos férteis em colinas, morros e mesmo planícies livres de encharcamento, aliadas a presença da ferrovia e sua estação e de um incentivo oficial as exportações fez com que, aos poucos, a laranja fosse substituindo as culturas tradicionais, já em franca decadência”.

Devido ao intenso cheiro da produção de laranja entre 1930 e 1939, Nova Iguaçu ficou conhecida como a cidade perfume. Nesta época surgem os primeiros indícios do começo de processo de ocupação de Nova Iguaçu, após a morte de comendador Soares suas fazendas começaram a ser retalhadas, fragmentas para a venda, e como a abolição da escravatura havia esvaziado as fazendas, os proprietários de terra enfrentavam dificuldades na manutenção do trabalho assalariado, o que contribuiu para a fragmentação das terras para a venda, direcionando- as aos pequenos agricultores, o que ocasionou a compra das terras para o plantio da laranja. 
Juntamente com isso, SIMÕES (2011, P. 137) afirma que, "abriu-se caminho, então, para dois processos simultâneos e articulados: a intensa fragmentação da terra, com o surgimento de um grande número de propriedades, e o crescimento da população rural. Embora este processo tenha se iniciado ainda no século XIX, o marco desta fragmentação foi a morte do Comendador Francisco Soares em 1916, por coincidência, o ano em que o município troca de nome, acrescentando o ‘Nova ‘ao seu nome. Este vai ser o início de uma verdadeira ‘Nova “Iguaçu”.
Diante disso, com a necessidade de mão de obra inicia-se o movimento migratório em direção a Nova Iguaçu, em busca de trabalho assalariado, já que na época a cidade estava com bastante visibilidade devido à produção e exportação da laranja. Muitas dessas famílias passam a morar no mesmo espaço produtor da laranja, que deixa de ser espaço reprodutor e passa a também ser espaço de moradia para esses trabalhadores rurais. Em Nova Iguaçu o crescimento populacional se deu em maior volume, pois não havia uma produção significativa em outros municípios. Migrantes que vinham do próprio país e, imigrantes de outros países.  Esses imigrantes em maioria de origem européia, com o tempo vão se juntar aos moradores de Nova Iguaçu e se forma o núcleo da elite local, diferentemente dos migrantes que chegarão quando se inicia o processo de urbanização de Nova Iguaçu. Vale ressaltar que o caráter do crescimento populacional dessa época é essencialmente agrícola, muitos dos habitantes moravam em chácaras. Nesse contexto, foram criados diversos barracões (Packing house) para o armazenamento dos frutos, no auge do ciclo laranjeiro, o número teve uma significativa crescente, SOARES (1962, apud, SIMÕES, 2011) afirma que, “em 1932, eram em números de quatorze (...) e, em 1940, vinte instalações deste tipo estavam registradas”, esses “Packing house, existem atualmente, mas possuem outras funções e nos ajudam a entender o passado de Nova Iguaçu.  Em 1940 Nova Iguaçu era um pequeno núcleo urbano, pois seus moradores ainda moravam nas chácaras, e faziam o movimento pendular até a área central da cidade. 
Nesta direção, novamente SIMÕES (2011, P. 141) afirma que,
“Era mais econômico morar, então nas chácaras e ir ao centro, do que morar neste e voltar para cuidar daquela, até porque não se construíam muitas casas no centro para aluguel e venda para fins residenciais, a não ser para a elite local. Desse modo, podemos afirmar que, embora tenha havido um crescimento no núcleo urbano no período laranjeiro, a Nova Iguaçu da laranja era um acanhado aglomerado urbano em meio a um mar de laranjas”.


                                          
(Fonte: Ozorio, Elaine Cristina.  “O processo de (re) produção do espaço urbano na cidade de Nova Iguaçu”dissertação de mestrado).


O fim do ciclo da laranja e a urbanização.
Diversos fatores contribuíram para o fim do ciclo da laranja, mas o mais importante que contribui para a extinção do ciclo foi a eclosão da segunda guerra mundial, onde as exportações ficaram prejudicadas com bloqueio naval alemão, os navios não chegavam ao seu destino, e houve outras dificuldades com o transporte da laranja, como ressalta OZÓRIO (2007, p.12) em sua dissertação de mestrado, “assim como a falta de armazéns frigoríficos e o transporte rodoviário deficiente das chácaras para a ferrovia levaram ao apodrecimento das frutas nos pés, dando origem a uma praga citrícola que dizimou grande parte das plantações”. Após a segunda guerra mundial a exportação da laranja, com intuito de preservar o mercado interno. Com isso a pressão imobiliária atinge Nova Iguaçu no intuito de ocupar o espaço dos antigos laranjais, abrindo caminho para a consolidação da urbanização.

Nova Iguaçu perde alguns dos seus distritos emancipados: São João de Meriti, Duque de Caxias, Nilópolis, Belford Roxo, Japeri, Mesquita, Queimados, fragmentam a “Grande Iguaçu”.

(Fonte: Tese de mestrado da Elaine Cristina Ozorio “O processo de (re) produção do espaço urbano na cidade de Nova Iguaçu”).

 Para complementação dessa urbanização é de extrema importância a abertura das rodovias, que facilitaram o acesso e a circulação com as demais regiões, fato que contribuiu para o crescimento da centralidade do crescimento urbano de Nova Iguaçu, tais como Via Ligth, Linha vermelha, Rodovia presidente Dutra e as demais vias que servem de acesso para as demais localidades próxima a Nova Iguaçu.

A Via Ligth

(Fonte: anonimo)
Considerações finais
Contudo, podemos concluir a importância histórica de Nova Iguaçu diante do desenvolvimento econômico e urbano da Baixada Fluminense, que e sua importância cultural para afirmar seu espaço dentro da histórica e da evolução de diversas paisagens socioculturais.

Referências bibliográficas
Simões,Manoel Ricardo.Ambiente e Sociedade na Baixada Fluminense.In Mesquita,Editora Entorno,ano de 2011.p 313-348.

Ozório,Elaine Cristina.O Processo de Reprodução do Espaço Urbano Na Cidade de Nova Iguaçu - RJ (1900 – 2007). Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.Ano de 2007.

Por: Amanda Raso, Geiziane Azevedo, Maiara Lobato, Maria Fernanda Abrantes, Renatha Martins e Wanessa Dias.

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