quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Município de São João de Meriti

Por: Ana Raquel Pereira da Silva, Laís Boto Xavier, Jardel Oliveira Junior, Pâmela Suelen Pereira, Rodolpho William Lucena e Thaís Boto Xavier.

Engenhos de ontem, cidades de hoje.

(Mapa1.Fonte: SIMÕES, Manoel Ricardo. Ambiente e sociedade na Baixada Fluminense. pág.16)

Segundo Souza (1998), o início do povoamento do atual município de São João de Meriti se deu a partir da segunda metade do séc. XVI, com a chegada dos colonizadores. No século XVIII iniciou-se a divisão das terras por cartas de sesmarias. Os sesmeiros ocupavam terras com objetivo de realizar agricultura, principalmente cana-de-açúcar e café, muitas delas com mão-de-obra escrava.
A comercialização dos produtos se dava por vias fluviais. A navegação exerceu um papel fundamental na economia das terras de São João de Meriti, por apresentar em sua área os rios Meriti e Sarapuí. No ano de 1828, ocorre a abertura do canal da Pavuna, que era um prolongamento do rio Meriti, buscando favorecer os fluxos comerciais da região. As principais fazendas foram a dos Teles (que atualmente dá nome ao Distrito) e Engenho de São Matheus.
No século a Fazenda dos Teles aparece como Engenho de propriedade do Comendador Pedro Antonio Telles Barreto de Menezes, que se destacava como um dos grandes produtores de açúcar e aguardente. (SOUZA, Sinvaldo,1998 4,5.)

De acordo com Valente (1998), em 1910 os trilhos da linha auxiliar da Estrada de Ferro Central do Brasil chegaram à freguesia de São João de Meriti, para urbanização da freguesia e povoamento nas áreas próximas as vias “...os trens foram responsáveis pela rápida transformação de freguesias que, até então se mantinham exclusivamente rurais.” (Abreu. 2013. Evolução Urbana do Rio de Janeiro)”

Emancipação de São João de Meriti
Com base em Torres (1998) que descreve os acontecimentos que corroboram para a emancipação político administrativo do município de São João de Meriti, podem-se destacar fatores de importância local e nacional, realizando um recorte histórico para os aspectos, sociais, políticos e econômicos para uma melhor compreensão de prisma a nível global. Segundo o autor (TORRES,1998), os pensamentos de liberdade e emancipação eram como um atentado político e praticamente um sonho, pois vivenciava um período centralizador, autoritário e intervencionista comandado ainda por Getúlio Vargas.

Ainda com base em Torres (1998) a crise de 1929 gerando instabilidade econômica, o fim da II Guerra Mundial; o governo de Getúlio Vargas, o processo de independência de diversos países da América Latina; a queda dos governos totalitários (nazismo e fascismo) entre outros movimentos da política nacional e internacional podem ter contribuído para desencadear o processo de emancipação do município de São João de Meriti, que ocorrei em 21 de agosto de 1947, quando a emancipação político-administrativo do município de São João de Meriti deu origem ao município desmembrado de Nilópolis e Duque de Caxias.


(Instalação oficial do município de São João de Meriti. Praça da Matriz 21 de agosto de 1947) - http://meriti.rj.gov.br/sjm/fotos/)

 Segundo Simões (2011), um dos fatores que intensificou o processo de urbanização da cidade foram a construção de diversas vias, sendo as principais: i) BR 116 (Via Dutra) que promoveu intensificação da ocupação para fins de negócios, com a ligação do estado do Rio de Janeiro e São Paulo, sendo possível a construção de parques logísticos, concessionarias de automóveis, Hotéis, Shopping Grande Rio e a Via Show; ii)  Av. Automóvel Clube que liga o centro do munícipio ao Distrito de Vilar dos Teles, que possui uma importância econômica e política, além de, ao longo do seu percurso possuir um polo de revenda de automóveis e, iii) a Via Light por ligar alguns municípios: Nilópolis, Mesquita, Nova Iguaçu, Belford Roxo.

(Mapa 2. Fonte: SIMÕES, Manoel Ricardo. Ambiente e sociedade na Baixada Fluminense. pág.124)

Villar dos Teles
Villar dos Teles é um distrito de grande importância para o município, tanto no que se relaciona à questão econômica, quanto política e histórica, tanto que abriga a sede da prefeitura de São João. “Vale lembrar também de que a transferência da sede da prefeitura para este bairro contribuiu para esse desenvolvimento acima do apresentado pelo centro de São João”. (SIMÕES. 2011. Ambiente e Sociedade na Baixada Fluminense)



Inauguração da sede própria da Prefeitura Municipal de São João de Meriti em Vilar dos Teles,1970.
Fonte:  site da Prefeitura Municipal de São João de Meriti.



Prefeitura Municipal de São João de Meriti, 2014. Foto: Laís Bôto
 
 O processo de favelização do município.
O adensamento da malha urbana no município do lócus em questão deu-se de forma desordenada, onde a população de menor poder aquisitivo ocupou as áreas menos propícias às condições para habitação. Dentro destes aspectos, ressaltaram-se as áreas próximas aos rios e encostas, iniciando-se assim o processo de favelização no município, destacado por Simões (2011) “(...) em São João elas se localizam, em geral nas margens dos rios e servem de limite municipal”. As favelas que são descritas acima faz referência aos limites municipais com os rios: Sarapuí e Meriti-Pavuna.

Questões culturais no município
 Há diversas atividades no município muitas são oferecidas pela comunidade como: rodas de rap e samba, bailes, festas de padroeiros; encontros em polos culinários e praças, além de atividades proporcionadas pelo Centro Cultural do município.
O encontro da população nas praças é descrito em um dos poemas do poeta meritiense Lazana Lukata, onde também faz uma crítica ao estado dos rios da cidade.
“Os meritienses vão chegando em bandos
E das  dezessete e quarenta em diante
a praça se enche de conversa e pássaros.
Ao largo a morte pinica:
O braço do rio engessado de garças.”
(LUKATA, Lazana. 2011,pág.:39)

Bibliografia:

1-    ABREU, Maurício de Almeida. A evolução urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPP, 2013.
 2-    LUKATA, Lasana. Exercício de Garça. São João de Meriti, RJ: Íthaca Edições, 2011.
3-    SIMÕES, Manoel Ricardo. Ambiente e sociedade na Baixada Fluminense. Mesquita: Editora Entorno, 2011.

4-    SOUZA, Sinvaldo do Nascimento. Engenhos de ontem cidades de hoje. In: Memória. Órgão de divulgação sobre a história da Baixada Fluminense – Nº1- Edição trimestral, 1998.

5-    TORRES, Gêneses Pereira. São João de Meriti- Emancipação I. In: Memória. Órgão de divulgação sobre a história da Baixada Fluminense-Nº1-Edição trimestral,1998.

6-    VALENTE, Armando. Um pioneiro esquecido. In: Memória. Órgão de divulgação sobre a história da Baixada Fluminense- Nº1- Edição trimestral, 1998.

Sites

1-    Prefeitura municipal de São João de Meriti: http://meriti.rj.gov.br/sjm/fotos/. Visualizado entre agosto e dezembro de 2014.

Trabalho de geografia urbana sobre São João de Meriti.

Feito por: Ana Raquel Pereira da Silva, Laís Boto Xavier, Jardel Oliveira Junior, Pâmela Suelen Pereira, Rodolpho William Lucena e Thaís Boto Xavier.

Município de Duque de Caxias

Por:  Camila Domingues, Guilherme Preato, Hélder Cabral, Júlia Calazans, Vitória Mendonça
Duque de Caxias, município localizado na Região Metropolitana do estado do Rio de Janeiro, parte constituinte da chamada Baixada Fluminense. Outrora distrito do atual município de Nova Iguaçu, tem sua origem mais remota no extinto município de Estrela. Em 1943, constituía-se de três distritos: Duque de Caxias, Meriti e Imbariê, este último pertencia ao município de Estrela. Em 1947, Meriti é desmembrado de Caxias, formando o então município de São João de Meriti. Em 1954, os distritos de Campos Elyseos e Xerém são desmembrados do distrito Imbariê. Por fim, desde 1960, Caxias mantém-se com 4 distritos: Duque de Caxias (1º), Campos Elyseos (2°), Imbariê (3º) e Xerém (4º). 
A ocupação dessa região da Baixada deu-se gradativamente, tendo envolvimento direto com os transportes, iniciando-se com o tráfego de pessoas e, sobretudo, mercadorias por intermédio dos rios, inicialmente que depois foram substituídos pela ferrovia e mais tarde pelas rodovias. Outras características que impulsionaram o adensamento populacional do município foram as áreas extensas e de baixo custo quando comparadas com as da cidade do Rio de Janeiro, isso quando havia controle administrativo. Esses fatores foram fundamentais para a modificação regional nos seus mais diversos aspectos. Dessa forma, o presente texto tem o objetivo de destacar a evolução histórica da dinâmica espacial do município nos seus aspectos econômicos, políticos e sociais.
  

 História do município
Após o “redescobrimento” do território nacional no século XVI, os portugueses tiveram uma atitude efetiva no que diz respeito à dinâmica ocupacional da Baixada após franceses demonstrarem interesse pela terra e suas riquezas, tentando invadí-las e aliando-se aos índios Tupinambás, que eram seus habitantes na época. Consequentemente, tendo vitória nas disputas, a aversão dos portugueses com relação aos indígenas aumenta, levando-os ao seu extermínio local, e divide-se a região com as doações das sesmarias, promovendo a sua ocupação e evitando novas invasões. Com isso, a região que hoje é Duque de Caxias foi doada para Cristóvão Monteiro em 1565, sendo sucessivamente comprada pela ordem de São Bento, tornando-se a mais importante fazenda da região.
No que diz respeito aos rios, a principal via de transporte da produção agrícola local, também foi um fator relevante durante o ciclo de mineração, após o deslocamento do eixo econômico – do nordeste para o sudeste –, tornando Caxias um ponto obrigatório de passagem daqueles que se dirigiam às minas ou de lá regressavam, servindo também para o descanso e o abastecimento de tropeiros, transbordo e trânsito de mercadorias. Os rios Sarapuí, Iguaçu e Estrela facilitaram a ocupação, pois serviam também como caminhos para o interior do continente.
Fig. 1. Porto Estrela, que constituía parte de Magé e parte de Duque de Caxias. Suas atividades econômicas e a ocupação no entorno foi tanto que, no séc. XIX, foi transformado em município.
Até o séc. XIX, a força braçal era escrava, para a manutenção da salubridade local e para o cultivo, sobretudo, de cana-de-açúcar. Além disso, lenha, milho, mandioca, arroz e feijão, extraídos de Caxias, também serviam para o abastecimento da capital. Ainda por alguns anos foi notável a prosperidade lucrativa, entretanto, a partir da metade do século XIX, inicia-se a fase da decadência. Em função do extrativismo, das tomadas predatórias de cultivo, os resultados foram devastadores. Era característico o desmatamento e o assoreamento de rios, o que resultou na devastação das matas, obstrução dos rios, levando à ocorrência de transbordamentos, formando pântanos e mangues. Além disso, a concentração da água poluída foi propícia para o surgimento de mosquitos transmissores de febres. Em 1850, as epidemias grassam, levando os senhores de engenho a mudarem-se para locais seguros.
Em 1883, foi aberta a Estrada de Ferro Rio D’Ouro, ligando a Quinta Imperial do Caju à represa do Rio D’Ouro, construída com a finalidade de transportar material para as obras de construção da nova rede de abastecimento de água da cidade do Rio de Janeiro captada nos mananciais da Serra do Mar, em Tinguá e Xerém, e utilizada, a princípio, apenas para os trabalhos de conservação do sistema adutor e distribuidor, não impedindo que pequenos núcleos se desenvolvessem ao longo de suas linhas (Abreu, 1997). Em 23 de abril de 1886, outro trecho ferroviário foi inaugurado pela "The Rio de Janeiro Northern Railway" ligando a Cidade do Rio à Estação de Meriti.
Nos primeiros anos da República, algumas medidas para solucionar o problema com a falta de saneamento foram tomadas, sem produzir efeitos esperados, pois havia a descontinuidade de programas e precariedade recursos materiais. No Governo de Nilo Peçanha (1909-1910) houve uma ação consistente em relação ao saneamento da Baixada, mas insuficiente. No Governo de Delfim Moreira (1918-1919) foi instaurado o Serviço de Profilaxia Rural, para o controle das endemias na região, mesmo que o município permanecesse sendo um local com grave foco de malária; e no Governo de Getúlio Vargas (1930, 1946) ocorre a abertura de canais, dragagem e retificação dos grandes rios, realizado pelo prefeito Hildebrando de Góis (1946-1947), "desaparecendo", assim, os pântanos. Dando proseguimento à reformulação funcional em nome do “progresso”, Washington Luís, com seu slogan “Governar é abrir estradas", em 28 de agosto de 1928 inaugurava-se a Estrada Rio-Petrópolis, que mais tarde, em 1964, seria incluída no Plano Nacional de Viação, cuja redação estabelecia sua extensão até a capital, Brasília, passando por cidades como Juiz de Fora, Belo Horizonte. Outras medidas que favoreceram ainda mais o povoamento de Duque de Caxias: o seu saneamento com o Serviço Nacional de Malária, instalado em 1938; instalação da primeira rede elétrica em 1924, e fundação da Escola Proletária Meriti, que tinha seus moldes estabelecidos no "Estado Novo". Lembrando que as áreas da Baixada Fluminense serviam para aliviar as pressões demográficas excedentes da cidade do Rio de Janeiro prenunciadas no "Bota Abaixo" do Prefeito Pereira Passos (1902-1906). Como resultado dessas múltiplas transformações, houve o fracionamento e loteamento de antigas propriedades rurais, tendo, inclusive, lutas entre proprietários, grileiros e posseiros pela aquisição de terras. É também nessa década que é fundada a União Popular Caxiense (UPC), a mais importante das associações do município – que articulavam-se para encaminhar um memorial ao Interventor Federal do Estado, Ernani do Amaral Peixoto, expondo a possibilidade do distrito de Caxias emancipar-se –, pois servia como principal célula das demais entidades no município, tendo em si o surgimento da consciência elistista emergente; vinculada a ela, em 1937, houve a fundação da Associação Comercial de Caxias.
Na década de 40, a população atingia 100.000 habitantes, que caracterizava Duque de Caxias como "cidade dormitório", porque grande parte desses habitantes concentrava no Distrito Federal a sua atividade profissional. É também nessa época que grande parte da área do município é também saneada pelo DNOS, do qual visava que áreas da Baixada serviam para dotar a Capital da República de “um cinturão agrícola, tornando o seu abastecimento independente de transportes longos e dispendiosos”, calcado na “necessidade de evitar os problemas de abastecimento que haviam ocorrido durante a 1ª Guerra Mundial”. (Abreu, 1997). Em meio a um ambiente favorecido por serviços básicos e com o índice populacional ampliando-se, em 31 de dezembro de 1943 foi elevado à categoria de Município.
O Município, desde que tornou-se autônomo, recebeu grande impulso em sua economia, sendo favorecido com investimentos estaduais e federais. A localização de um parque de indústrias, entre as quais encontrava-se a Fábrica Nacional de Motores, constituiu um fator de desenvolvimento acelerado, do qual a Refinaria de Petróleo de Duque de Caxias (REDUC), com seu extraordinário conjunto petroquímico em expansão, deu um rápido impulso e considerável estímulo. Porém, essa autonomia foi abalada na década de 70, pois Caxias tornou-se "Área de Segurança Nacional", com prefeitos sendo indicados pelo governo federal, desta vez pelos militares que ocuparam o poder, só recuperando-a em 15 de novembro de 1985, quando pôde escolher seu governante por meio do voto.
Desde então, Duque de Caxias passou por diversas modificações físicas, em termos de infraestrutura, e sociais, também na educação e com manifestações culturais. Pensar nessas modificações é lembrar das lutas sociais, pois tais mudanças foram alcançadas com as reivindicações e lutas do povo caxiense, bem como nos afirma o diretor da Biblioteca Municipal Leonel Brizola, Prof.º Antônio Carlos, em uma entrevista realizada pelo grupo. Um forte marco nessas lutas foi a participação e influência da ICAR – Igreja Católica Apostólica Romana – na criação de diversas pastorais, tais como: a Pastoral do Transporte, o Centro de Integração da Taquara, o Clube de Mães, que  eram ligados à igreja devido à nova proposta trazida pelo novo Bispo Dom Mauro Morelli, que é conhecida como a Teologia da Libertação.
Hoje, a cidade possui duas principais fontes de renda: o forte comércio do 1º Distrito, e o parque industrial de Duque de Caxias, no 4º Distrito – superando até mesmo as atividades agropecuárias. Grande expressão disso é que, segundo o IBGE, seu PIB atinge o 2º maior do Estado do Rio de Janeiro, ficando atrás somente da capital. Com menor expressão, a maioria dos estabelecimentos agrícolas está localizada no 3º e 4º Distritos, sendo a mandioca, a cana-de-açúcar e a banana os principais produtos cultivados.

Referência Bibliográfica:
ABREU, Maurício de Almeida. A evolução urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPLANRIO, 1997.
TORRES, Rogério¹. Baixada Fluminense - a construção de uma história. Evolução histórica dos distritos e os processos de emancipação.
MAGALHÃES, Alex Lamonica... [et al.]. Alma(naque)... da Baixada. Rio de Janeiro: APPH-CLIO, 2013.

 Fonte das imagens:
Links:
www.cidades.ibge.gov.br.  Acessado em 11/11/2014.
www.amigosinstitutohistoricodc.com.br. Acessado em 10/11/2014.

Notas:
¹Licenciado em Pedagogia pelo Instituto de Educação Governador Roberto Silveira e em História pela Sociedade Universitária Augusto Mota. Professor da rede pública estadual do Rio de Janeiro. Sócio-fundador e membro da Associação dos Amigos do Instituto Histórico.

²Citação feita no início do século XX. Retirada da pág. 53 de A evolução urbana do Rio de Janeiro.

O Município de Nova Iguaçu

  Desenvolvimento Urbano no Município de Nova Iguaçu

Por: Amanda Ferreira, Geiziane Azevedo, Maiara Lobato, Maria Fernanda Abrantes, Renatha Martins e Wanessa Dias.


     Notamos hoje uma paisagem bastante urbanizada no centro da cidade de Nova Iguaçu e o objetivo deste trabalho é reunir informações do processo de urbanização nas demais regiões desse mesmo município. Para explicarmos essa transformação não só na paisagem, mas também, social, econômica e urbana, retornaremos ao passado histórico rico em acontecimentos para identificarmos os fatores causadores e determinantes para esses acontecimentos.

Nova Iguaçu localiza-se na Baixada Fluminense, sendo ela um dos principais núcleos dessa região juntamente com Duque de Caxias, oferecendo uma diversidade de ofertas de bens de serviços à população. No passado, outros municípios  faziam parte de Nova Iguaçu, o que para alguns autores como Manoel Ricardo Simões, autor do livro “Ambiente e sociedade na Baixada Fluminense”, era considerada a “Grande Iguaçu”, composta por Japeri, Queimados, Duque de Caxias, Belford Roxo, Mesquita, Nilópolis e São João de Meriti, como é ilustrado abaixo e, futuramente seria desmembrada com suas emancipações, que vamos ver no decorrer do presente texto.
Fonte: SIMOES, Livro, Ambiente e sociedade na Baixada Fluminense.

A cidade de Nova Iguaçu, tem sua centralidade originalo nas proximidades do porto na foz do Rio Iguassú, por conta de sua ligação com a Baía de Guanabara. No final do século XIX, o centro da cidade passa à localização atual, às margens da ferrovia Dom Pedro II, inaugurada em 1858. No século XX, as ferrovias tiveram grande importância no desenvolvimento e da ocupação de Nova Iguaçu, nesse mesmo momento, São João, Nilópolis, e Duque de Caxias, já estavam tipicamente urbanizadas, enquanto Nova Iguaçu ainda estava baseada na agricultura, o que impulsionou o processo de emancipação desses municípios, tal como afirma SIMÕES, (2011, p. 134).
 “Não é por acaso que a fragmentação territorial de Nova Iguaçu se inicia por esses distritos na década de 1940. Neste momento histórico não se fazia mais sentido que a administração dessas localidades ficasse subordinadas ao pequeno núcleo semi-rural de Nova Iguaçu, muito menos a uma elite política fundamentalmente agrária “. ¹
Para entender as razões do processo de urbanização se dar de modo mais intenso em outros distritos e em menor velocidade em Nova Iguaçu, é preciso analisar os elementos dos processos vividos por Nova Iguaçu na década de 1920 a 1940.

Do ciclo da Laranja e ao processo de ocupação.
Devido a uma epidemia de cólera de 1855 e, em busca de terras mais férteis próximo à ferrovia, transfere-se parte da população da Vila Iguaçu para Maxambomba, diante disso, inicia-se a um novo cenário: o do cultivo e exportação da laranja, iniciando o ciclo econômico voltado para a plantação e a exportação da laranja, a partir desse momento em homenagem à vila Igussú, em 1916, o nome e Maxambomba é substituído por “Nova” Iguaçu, segundo SIMÕES (2011, P.137) “ o adjetivo ‘Nova’, foi uma forma de indicar mudança sem, contudo, renegar completamente o seu passado”.
 Nova Iguaçu foi a responsável por 83% da produção de laranja do estado, para que isso ocorresse as condições de produção foram favoráveis para o sucesso da mesma, diante disse, SOARES (1962, apud, SIMÕES, 2011) afirma que,
“A existência de condições naturais propícias, como o clima quente e úmido, terrenos férteis em colinas, morros e mesmo planícies livres de encharcamento, aliadas a presença da ferrovia e sua estação e de um incentivo oficial as exportações fez com que, aos poucos, a laranja fosse substituindo as culturas tradicionais, já em franca decadência”.

Devido ao intenso cheiro da produção de laranja entre 1930 e 1939, Nova Iguaçu ficou conhecida como a cidade perfume. Nesta época surgem os primeiros indícios do começo de processo de ocupação de Nova Iguaçu, após a morte de comendador Soares suas fazendas começaram a ser retalhadas, fragmentas para a venda, e como a abolição da escravatura havia esvaziado as fazendas, os proprietários de terra enfrentavam dificuldades na manutenção do trabalho assalariado, o que contribuiu para a fragmentação das terras para a venda, direcionando- as aos pequenos agricultores, o que ocasionou a compra das terras para o plantio da laranja. 
Juntamente com isso, SIMÕES (2011, P. 137) afirma que, "abriu-se caminho, então, para dois processos simultâneos e articulados: a intensa fragmentação da terra, com o surgimento de um grande número de propriedades, e o crescimento da população rural. Embora este processo tenha se iniciado ainda no século XIX, o marco desta fragmentação foi a morte do Comendador Francisco Soares em 1916, por coincidência, o ano em que o município troca de nome, acrescentando o ‘Nova ‘ao seu nome. Este vai ser o início de uma verdadeira ‘Nova “Iguaçu”.
Diante disso, com a necessidade de mão de obra inicia-se o movimento migratório em direção a Nova Iguaçu, em busca de trabalho assalariado, já que na época a cidade estava com bastante visibilidade devido à produção e exportação da laranja. Muitas dessas famílias passam a morar no mesmo espaço produtor da laranja, que deixa de ser espaço reprodutor e passa a também ser espaço de moradia para esses trabalhadores rurais. Em Nova Iguaçu o crescimento populacional se deu em maior volume, pois não havia uma produção significativa em outros municípios. Migrantes que vinham do próprio país e, imigrantes de outros países.  Esses imigrantes em maioria de origem européia, com o tempo vão se juntar aos moradores de Nova Iguaçu e se forma o núcleo da elite local, diferentemente dos migrantes que chegarão quando se inicia o processo de urbanização de Nova Iguaçu. Vale ressaltar que o caráter do crescimento populacional dessa época é essencialmente agrícola, muitos dos habitantes moravam em chácaras. Nesse contexto, foram criados diversos barracões (Packing house) para o armazenamento dos frutos, no auge do ciclo laranjeiro, o número teve uma significativa crescente, SOARES (1962, apud, SIMÕES, 2011) afirma que, “em 1932, eram em números de quatorze (...) e, em 1940, vinte instalações deste tipo estavam registradas”, esses “Packing house, existem atualmente, mas possuem outras funções e nos ajudam a entender o passado de Nova Iguaçu.  Em 1940 Nova Iguaçu era um pequeno núcleo urbano, pois seus moradores ainda moravam nas chácaras, e faziam o movimento pendular até a área central da cidade. 
Nesta direção, novamente SIMÕES (2011, P. 141) afirma que,
“Era mais econômico morar, então nas chácaras e ir ao centro, do que morar neste e voltar para cuidar daquela, até porque não se construíam muitas casas no centro para aluguel e venda para fins residenciais, a não ser para a elite local. Desse modo, podemos afirmar que, embora tenha havido um crescimento no núcleo urbano no período laranjeiro, a Nova Iguaçu da laranja era um acanhado aglomerado urbano em meio a um mar de laranjas”.


                                          
(Fonte: Ozorio, Elaine Cristina.  “O processo de (re) produção do espaço urbano na cidade de Nova Iguaçu”dissertação de mestrado).


O fim do ciclo da laranja e a urbanização.
Diversos fatores contribuíram para o fim do ciclo da laranja, mas o mais importante que contribui para a extinção do ciclo foi a eclosão da segunda guerra mundial, onde as exportações ficaram prejudicadas com bloqueio naval alemão, os navios não chegavam ao seu destino, e houve outras dificuldades com o transporte da laranja, como ressalta OZÓRIO (2007, p.12) em sua dissertação de mestrado, “assim como a falta de armazéns frigoríficos e o transporte rodoviário deficiente das chácaras para a ferrovia levaram ao apodrecimento das frutas nos pés, dando origem a uma praga citrícola que dizimou grande parte das plantações”. Após a segunda guerra mundial a exportação da laranja, com intuito de preservar o mercado interno. Com isso a pressão imobiliária atinge Nova Iguaçu no intuito de ocupar o espaço dos antigos laranjais, abrindo caminho para a consolidação da urbanização.

Nova Iguaçu perde alguns dos seus distritos emancipados: São João de Meriti, Duque de Caxias, Nilópolis, Belford Roxo, Japeri, Mesquita, Queimados, fragmentam a “Grande Iguaçu”.

(Fonte: Tese de mestrado da Elaine Cristina Ozorio “O processo de (re) produção do espaço urbano na cidade de Nova Iguaçu”).

 Para complementação dessa urbanização é de extrema importância a abertura das rodovias, que facilitaram o acesso e a circulação com as demais regiões, fato que contribuiu para o crescimento da centralidade do crescimento urbano de Nova Iguaçu, tais como Via Ligth, Linha vermelha, Rodovia presidente Dutra e as demais vias que servem de acesso para as demais localidades próxima a Nova Iguaçu.

A Via Ligth

(Fonte: anonimo)
Considerações finais
Contudo, podemos concluir a importância histórica de Nova Iguaçu diante do desenvolvimento econômico e urbano da Baixada Fluminense, que e sua importância cultural para afirmar seu espaço dentro da histórica e da evolução de diversas paisagens socioculturais.

Referências bibliográficas
Simões,Manoel Ricardo.Ambiente e Sociedade na Baixada Fluminense.In Mesquita,Editora Entorno,ano de 2011.p 313-348.

Ozório,Elaine Cristina.O Processo de Reprodução do Espaço Urbano Na Cidade de Nova Iguaçu - RJ (1900 – 2007). Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.Ano de 2007.

Por: Amanda Raso, Geiziane Azevedo, Maiara Lobato, Maria Fernanda Abrantes, Renatha Martins e Wanessa Dias.